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jueves, 7 de abril de 2011

Um intercambista no país que comemora seu bicentenário de independencia


Alessando de Almeida Pereira en el Paraninfo de la UNE
Por Alessandro de Almeida Pereira *

Vinte e poucos anos, com espírito aventureiro, intercambista, futuro Professor e Historiador. Sou o que sempre sonhei ser. Foi assim, correndo atrás dos meus sonhos, que cheguei até o Paraguai, não foi minha primeira opção de destino, mas não pensei duas vezes quando me perguntaram se eu gostaria de fazer intercâmbio na Universidad Nacional del Este. Muito prazer sou Alessandro de Almeida Pereira.
No dia 8 de março de 2011 saí do Rio Grande do Sul, estado brasileiro que faz fronteira com Argentina e Uruguai, um dia depois do meu aniversário. Lá deixei minha família, minha namorada, meus amigos e professores. Na bagagem só pude trazer a saudade, roupas e alguns livros e ao chegar à Ciudad del Este, toda a imagem que eu tinha do Paraguai foi por água abaixo.
Já havia visitado Foz do Iguaçu e o maior free shop da América Latina, há dez anos, era muito novo e não recordava muito do lugar e por isso comecei a procurar mais informações na internet sobre Ciudad del Este e o Paraguai, foi decepcionante. Pois, fiquei com a impressão que eu iria para o pior lugar do mundo.
Intercambio é compartilhar conhecimento, ideias, culturas, etc. Compartilhar e não apenas adquirir! Para algumas pessoas o intercambio ideal deve ser realizado na Europa e de preferência na Inglaterra, França, Espanha, etc. Ótimos lugares, mas por que na América Latina não pode ser bom também? Quando eu dizia que iria fazer intercambio em Ciudad del Este, me perguntavam, “mas no Paraguai? Por que tu vai para lá?”. Não discuto com essas pessoas, afinal sempre pensei que o protagonista do intercâmbio é o próprio intercambista, quem vai fazer o intercâmbio ser bom ou desagradável é o próprio aluno. E com esse pensamento cheguei aqui, nessa cidade que tem o título de tríplice fronteira. Entretanto, fronteiras que desaparecem com a hospitalidade e solidariedade dos paraguaios.
Alguns estudiosos e historiadores definem o conceito “Fronteira” como um produto histórico, resultantes de forças em conflito que pertencem ao universo das relações de poder do século XIX. Fronteira é um conceito definido por seus atributos sócio-econômicos é um conceito construído, inventado, resultante de uma interferência de agentes históricos. Hoje, o mapa que conhecemos da América Latina, com seus traços separando os Estados Nacionais modernos, tem influência direta com os conquistadores da América (Espanha e Portugal), e principalmente com os “libertadores da América” no século XIX. 
Ouvimos e falamos do Bicentenário do Paraguai, duzentos anos de liberdade, de soberania, independência, democracia, cidadania, conquistas que apareciam no discurso de Simón Bolívar, San Martín, Miranda, e muitos outros libertadores da América. Hoje podemos dizer que somos livres, somos independentes, até temos um campeonato de futebol para comemorar. Não obstante quando viajo e visito cada lugar da América vejo miséria, pessoas vivendo sem o mínimo de dignidade, crianças trabalhando ao invés de estarem na escola adquirindo conhecimento, famílias vivendo nas ruas. Hoje todas as pessoas possuem direito de eleger seus representantes nacionais, possuem direitos e deveres de cidadão, mas a realidade nos mostra que grande parte dos nossos representantes, não cumpre seu dever, não são éticos, são corruptos. E povo sempre alegre, solidário, hospitaleiro, da mesma forma que nossos antepassados foram com os europeus que roubaram nossas riquezas.
Tudo o que escrevi foi o que vi no Paraguai. Vejo a história desse país esquecida, por falta de organização dos arquivos nacionais - quando fui até Itakyry, me decepcionei, pois a história dos mensus estava sendo comida pelas traças. Tudo isso que descrevi é a realidade do Paraguai, é a realidade do Brasil, é a realidade do Uruguai, da Argentina etc. Qual país da América Latina não possui a realidade que descrevi?
Temos que festejar muito nosso Bicentenário de independência política, mas não podemos ficar olhando apenas para o passado, temos que olhar para o futuro e construir uma América ideal onde acabaremos com a desigualdade social, com a corrupção, uma América em que todas as pessoas possam por direito estar em uma universidade, adquirindo e construindo conhecimentos.  
Quando terminar meu intercâmbio, em julho de 2011, não voltarei para casa. Continuarei conhecendo novos lugares, junto com um colega, visitaremos seis países da América do Sul. Será a realização de mais um sonho e a confirmação do que ouvi uma vez: “Nunca deixe te dizer que não pode fazer algo, se você tem um sonho tem que correr atrás dele. as pessoas não conseguem vencer e dizem que você também não vai vencer, se você quer uma coisa, corre atrás!” E assim, viajarei pelo continente, deixando as amizades que estão se formando aqui em Ciudad del Este, novamente viajarei levando muita saudade, poucas roupas e quase nenhum livro.
Só posso agradecer por ser presenteado com um intercâmbio no Paraguai, de outra forma talvez nunca conhecesse essas pessoas incríveis que estou conhecendo e que posso chamar de amigos. Espero que seja sempre assim, sem fronteiras entre brasileiros e paraguaios, uma relação de amizade e de companheirismo. Já me sinto parte desse lugar, sou gaúcho, brasileiro, paraguaio... sou latino!
* Acadêmico de História, Membro do Comissão Científica da UNE - AUGM, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, (595) 0973 672 648, +55 55 8442 4253

5 comentarios:

Unknown dijo...

Isso ai meu guri. Em Julhos vamos explorar essa América ai..... É conhecendo o mundo que nos conhecemos, o somos parte do cosmos! Forte Abraço!

Sofi Masi dijo...

Alessandro, muchas gracias por compartir con nosotros tu experiencia! Sos bienvenido y este espacio es tan tuyo como nuestro. Tal como decís, las fronteras desaparecen con la solidaridad y la hospitalidad! Un placer recibirte en casa compañero! :)

Anónimo dijo...

A América Latina têm história em comúm, bom começo colega, ese trabalho vai ser um incentivo para outros estudantes de outras universidades Latinoamericanas, disfrute o seu intercambio Alessandro è seja Bem Vindo.
O.J.

Naiani dijo...

Caro colega e amigo Alessandro

Tuas palavras não nos surpreendem, pois sempre demonstrou tua inteligência e capacidade em aproveitar ao máximo todas as oportunidades que surgem em tua vida, mais que isso, tu corres atrás delas!

Um grande abraço e Boa sorte

Das tuas amigas e colegas de grupo de estudo, Naiani e Mônica.

Anónimo dijo...

aaaaah muléque!